Na República, Platão ensina que o assunto apropriado para a educação de um homem é o do ser, o reino do transcendente e permanente, em oposição ao devir, o reino do temporal e transitório. Platão enxergava a alma humana como transcendente e eterna. Assim, a tarefa da educação seria alimentar essa alma. Além disso, ele via a matemática ligada à verdade permanente, imutável e transcendente e, portanto, um assunto necessário para o estudo.
Além dessa justificativa platônica para o estudo da matemática, existe uma outra embasada na educação clássica, que podemos definir como o desenvolvimento da sabedoria e da virtude por meio da busca da verdade, da bondade e da beleza.
Matemática é uma disciplina que busca a verdade. Até mesmo quando há discordância sobre alguma teoria, ainda assim, a busca da verdade não se esvai. Ademais, as descobertas mais gloriosas acerca da natureza foram feitas utilizando a matemática. Nela, na natureza, encontramos belas estruturas que só podem ser descritas matematicamente, como as Equações de Maxwell para o eletromagnetismo ou a Teoria Relatividade Geral de Einstein para a gravidade.
Tudo o que é, por ser, é bom. Assim, é bom que a constante de proporcionalidade na relação entre massa e energia seja simplesmente o quadrado da velocidade da luz. São boas as habilidades de navegação das aves migratórias, descritas matematicamente; a forma hexagonal dos cristais de gelo etc. É muito bom que toda a natureza exiba uma ordem matemática sublime, miraculosa. E é muito, mas muito bom que nós tenhamos a capacidade cognitiva de perceber e descrever essa ordem – esses padrões – com a matemática.
“Os padrões do matemático, como os do pintor ou do poeta, devem ser belos; as idéias, como as cores ou as palavras, devem se encaixar de maneira harmoniosa. A beleza é o primeiro teste: não há lugar permanente no mundo para a matemática feia”. Essa frase de G. H. Hardy é verdadeira. E só é verdadeira porque na matemática existe beleza. Uma beleza fria, que não é facilmente acessível. Porém, maravilhosamente linda.
Ora, a única pergunta que resta é por que não estudar matemática? Por quê?