Santo Tomás de Aquino, seguindo Aristóteles, tem a audácia de uma criança, como as do Evangelho, de responder “sim” à pergunta “Existe alguma coisa?” Seu ponto de partida é “Existe algo”. E sobre essa afirmação inabalável do senso comum, ele cria, em sua catedral gótica do pensamento, longos processos lógicos que nunca foram realmente derrubados. Um legado surpreendente para toda a cristandade que pede um vigoroso retorno para iluminar esta nossa Era das Trevas.
Sem sombra de dúvidas, a obra de Sto. Tomás é um monumento para a humanidade. Um verdadeiro tesouro. E a obra desse santo, assim como a de todo grande filósofo, vai muito além do que está em seus escritos. Eu gosto, particularmente, de dois episódios que estão nas biografias do doutor angélico.
Um deles nos diz que um dia, depois de ter celebrado a Santa Missa com um profundo recolhimento interior, decidiu não voltar a escrever, deixando inacabada a sua obra magna, a Suma Teológica. Os seus colaboradores, espantados, lhe perguntaram por que resolvera suspender o seu trabalho. Ele, então, respondeu: “Depois do que Deus se dignou revelar-me no dia de São Nicolau, parece-me palha tudo o que escrevi na minha vida, e por isso não posso escrever mais”.
O segundo episódio, ocorrido antes dessa decisão de não escrever mais, ocorreu quando o santo estava em oração. Diz-se que ele ouviu a voz de Jesus crucificado que lhe dizia: “Escreveste bem sobre mim, Tomás; que recompensa queres pelo teu trabalho?” E ele simplesmente respondeu: Non Nisi Te, Domine. Nada além de Vós, Senhor. Nada.
Esses dois fatos de sua vida nos mostram que, diante de Deus, do que realmente importa, somos palhas e tudo o que pudermos dizer também o é. E, o mais importante, se não fizermos as coisas por Deus, para a glória de Deus, e, portanto, por caridade, que nem comecemos a fazer nada. NON NISI TE, DOMINE.