Múltiplos universos, uma Metafísica


Com o advento do positivismo e do cientificismo, a Metafísica, nos meios científicos, foi colocada no limbo. Em The Grand Design, Stephen Hawking e Leonard Mlodinow, já no início do livro, escrevem: “Qual a natureza da realidade? De onde veio tudo isso? O universo precisou de um criador?… Tradicionalmente, essas são questões para a filosofia, mas a filosofia está morta”.

O interessante é que, na cosmologia moderna, surgiu uma certa confluência entre as descobertas cosmológicas e visões tradicionais da criação do universo. A Teoria do Big Bang e a sua consistência com a criação ex nihilo, por exemplo. Ou a formulação do que é chamado de “Princípio Antrópico” – isto é, a observação de que as leis fundamentais do universo parecem ser “ajustadas” de forma a serem favoráveis à vida, incluindo a vida humana.

Ao mesmo tempo, há, na literatura, um aumento de obras tratando temas como “multiverso”, “muitos mundos” ou “paisagens” da realidade (na Teoria das Cordas). Talvez isso não seja uma coincidência, mas uma resposta. Uma afirmação de não importância do homem, ao contrário de interpretações da teoria do Big Bang e do Princípio Antrópico.

Em especial, com a teoria do Multiverso, utilizando leis da probabilidade, Hawking e Mlodinow afirmam que ela responderia o aparente “ajuste” do universo. Pois, segundo a probabilidade, se houver universos suficientes, um ou mais cujas leis são adequadas para a evolução da vida inteligente está, quase certamente, fadado a ocorrer. Veja bem, esse argumento, para ser verdadeiro, pressupõe um certo platonismo em filosofia da matemática – ixe, mas a filosofia está morta.

Esse tipo de argumento pode, é claro, dar algum trabalho para evitar a conclusão de que o nosso universo está ajustado para nós. Entretanto, eles não podem abordar questões metafísicas fundamentais como o fato de que existe algo – seja um ou vários universos (ou o próprio multiverso) – ao invés de nada. Ademais, na tentativa de se explicar a metafísica por meio da ciência, há, quase sempre, o erro de distinção entre ser necessário e ser contingente.

Não adianta. Múltiplos universos, uma metafísica.

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