A experiência humana primária, por meio dos sentidos, é a consciência de uma realidade exterior. É uma saída do universo solipsista. Existe algo fora de mim. Como disse Aristóteles, o homem é um animal que, por natureza, deseja conhecer. O pensamento, por sua vez, precisa ser estruturado para que essa natureza possa cumprir a sua finalidade e, assim, assimilar o real, conhecê-lo e contemplá-lo no intelecto. Depois, também por atividade do intelecto, em geral com elementos linguísticos, há uma articulação dos conceitos apreendidos.
Em um mundo onde, com frequência, recebemos “saberes” de maneira passiva, a inteligência fica aprisionada e, de fato, não se liberta se não tivermos uma postura ativa, uma postura enraizada na Vontade e executada no Intelecto. Querer e agir para se adquirir conhecimento, então, acaba sendo uma ação de liberdade. Liberdade intelectual. Isso não significa, é claro, que devemos tentar descobrir tudo a respeito da realidade sozinhos. Não. Podemos, e devemos, nos apoiar nos ombros de gigantes que, graças a Deus!, já transformaram em jardins muitas matas selvagens.
A verdadeira liberdade intelectual, portanto, não significa “pensar com a própria cabeça”. Isso seria soberba intelectual, além de algo impossível (bastaria uma anaminese pela qual rastreamos as origens das nossas idéias). A liberdade intelectual, então, está embasada na Vontade e no Intelecto e no conselho de Riboulet:
“Se tiveres a felicidade de encontrar um homem superior (mesmo um morto), não te portes de modo passivo e indiferente; escuta-o, interroga-o, faz tuas suas idéias e seus sentimentos. Tempera o teu caráter com o dele; agiganta tua estatura intelectual e moral ao contato com a dele”.