Leis da Natureza


Uma das coisas que mais me surpreende acerca do universo é a sua conformidade com as leis da matemática. As leis da natureza, então, descritas pela matemática, descrevem necessidades do nosso universo. E, com elas, conseguimos fazer previsões espantosas acerca da origem do universo, da origem da vida, do surgimento das consciências etc.

Tudo isso, porém, são apenas propriedades das leis da natureza. Não nos dizem nada sobre a essência dessas leis. Não respondem à pergunta: o que é uma lei da natureza? Quando os cientistas, em geral, tentam responder a essa pergunta, eles tendem a cair no erro de falar das propriedades das leis e não da essência delas. É, mais ou menos, o erro de Hípias quando é interrogado por Sócrates sobre o belo.

Bom, existem cinco grandes respostas, ou tentativas, para essa pergunta. A primeira delas é a visão teológica: uma lei da natureza é uma espécie de comando divino. A segunda é a teoria da regularidade: uma lei é essencialmente uma regularidade, um padrão encontrado na natureza. A terceira é a visão platônica: elas são uma relação de conexões necessárias entre as propriedades das coisas – entendidas como entidades abstratas (ou formas platônicas). A quarta é a visão instrumentalista: as leis não existem, são apenas ficções convenientes e úteis para se fazer predições. Finalmente, a quinta é a visão aristotélica: uma lei descreve os poderes causais que uma coisa material – ou sistema – tende a manifestar dada a sua essência, a sua natureza.

Penso eu que o posicionamento aristotélico é o único capaz de fornecer uma explicação satisfatória para o que uma lei da natureza realmente é e, mais ainda, conflui com a afirmação do seu poder explanatório conforme o que a ciência diz. Para isso, é necessário uma defesa da existência da causa formal e causa final, ou das essências (naturezas) e finalidades inerentes às essências das coisas. Algo que, no berço da ciência moderna, no seu surgimento, foi negado. E isso, meus caros, é a proclamação de suicídio da própria ciência.

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