Análise empiriológica e análise ontológica


Jacques Maritain, o famoso filósofo tomista do século passado, no seu Les Degrés du Savoir, seguindo a tradição aristotélica-tomista, propõe uma limitação para as ciências naturais (ou, como chamamos hoje, apenas Ciência).

Para Maritain, a Ciência não pode esgotar o que há de inteligível nas essências das coisas. Propõe, então, dois níveis de análise da realidade. Para o primeiro nível, ele cunhou um termo chamado de análise empiriológica. Basicamente, significa o ferramental de uma ciência que faz uso dos entes da razão para encaixar os dados sensoriais em certos princípios organizacionais. E o segundo nível, ele chamou simplesmente de análise ontológica.

A realidade, assim, deve ser abordada em graus de conhecimento – ei a razão do título do livro – e contém três teses principais. A primeira delas é a distinção evidente entre Filosofia e as Ciências (Naturais). São conhecimentos que não se substituem. A segunda tese é a distinção entre Filosofia da Natureza e a Metafísica. E a terceira é a da Física-Matemática como ciência formalmente matemática e materialmente física. Isto é, é uma ciência que faz uso da matemática para tentar explicar a realidade física. É também chamada de ciência empiriométrica. Como exemplo, Aristóteles e Sto. Tomás costumavam usar a Ótica: é formalmente geometria mas materialmente sobre a luz. Ou ainda, a Mecânica Quântica: é formalmente espaços de Hilbert e materialmente sobre propriedades físicas da natureza na escala de átomos e partículas subatômicas.

Essas distinções feitas por Maritain separam o conhecimento empiriológico, obtido pelas ciências (naturais), do conhecimento ontológico, obtidos tanto pela Filosofia da Natureza quanto pela Metafísica. E faz isso de tal maneira que estabelece limites claros para as ciências naturais: elas não podem ter pretensões ontológicas.

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