Em Hípias Maior, diálogo platônico sobre o Belo, Hípias, o sofista, no fim, após tentativas frustadas de tentar chegar a uma conclusão sobre o que é o belo em si, tenta persuadir Sócrates de que essas questões são irrelevantes, de que o realmente importante é a arte do convencimento. Convencer as pessoas na esfera pública e ser admirado por bons discursos é o que é grandioso, o que deve ser buscado. Sócrates, então, um homem consciente do seu compromisso, pergunta de que modo ele poderia saber se um discurso está bem ou mal composto se não sabe nem o que é o Belo? E, sendo assim, como poderia achar que, para ele, seria melhor viver do que morrer?
Isto é, como poderia viver uma vida irrefletida? Sócrates é um homem que vive o que pensa e pensa o que vive. Não há maior ato de consciência do que o ato de reflexão biográfica, de investigação das próprias ideias, de comprometimento firme com a Verdade. Se não estou aqui para a Verdade, estou aqui para quê? Toda resposta que não seja a Verdade é pífia. É infame. É oca. A reflexão sincera, como expressada nas Confissões de Santo Agostinho, por exemplo, é a chama que aquece uma alma e a coloca diante do que realmente importa. Certamente, não é a arte do convencimento, mas amor incondicional à Verdade. Amor vibrante, de homens com peito e coração de carne. E, assim, viver a máxima: Verdade conhecida, Verdade obedecida.