A monotonia de uma árvore sempre me fascinou. É um símbolo para a solitude. Ali, imóvel, silenciosa, perdura no tempo e carrega histórias que jamais serão contadas. Histórias de transeuntes, de ocorrências naturais, de louvor a Deus. Sim. Pois ela também é um símbolo de uma criatura que louva. Todo dia, em sua monotonia incansável, levanta os seus braços, às vezes carregados de folhas, outras vezes secos, a Deus para rezar. Todo dia. E para sempre assim até a sua queda barulhenta. Aliás, é na queda, quando a oração cessa, que o estrondo acontece. Ela passa despercebida por quase toda a sua vida, mas no seu silêncio eterno, até mesmo a terra estremece. Acabou-se a monotonia. Acabou-se as histórias. Foi-se para que outra venha em seu lugar e, com o mesmo ritmo monótono, continue o ciclo de glórias. Glórias que devem ser eternas, por isso causam estrondo quando cessam.
Joyce Kilmer sempre esteve certo. Um texto como este é feito por um tolo como eu, mas uma árvore somente pode ser feita por Deus.
A monotonia de uma árvore sempre me fascinou.