Uma alma que não se forma é uma alma aniquilada. Não existe outro caminho, o coração anseia por Verdade. E estará sempre inquieto, como diz Santo Agostinho, enquanto não possuí-la. Que ótimo que as coisas são assim, pois inclina a inteligência a buscar o que interessa. Se é isso, por que não busco sempre essa Verdade que dá sentido à minha existência?
O problema está na vontade. Existe uma inércia, às vezes com a aparência de invencível, que se instaura. Cria raízes. É como uma âncora que imobiliza um navio com destino. Assim, ancorado, não cumpre o seu fim e o seu casco começa a se deteriorar. Somente o movimento, a ação, dará vida e sentido. Portanto, faz-se necessário lutar contra a inércia. Uma luta que não se encerra. Educar a vontade para QUERER cumprir o sentido da vida, esse que é sempre exterior a ela. Nenhuma vida explica a si própria. Não possui finalidade interna, mas externa.
Dessa forma, para a vontade, caso a biografia não encontre o sentido exterior, o desânimo ocorre. A biografia não possui “anima”. É como uma chama alimentada apenas com álcool. Uma chama azulada e sem vigor. Apagada. Já a biografia animada com o sentido é uma chama vibrante, que aquece e conforta. Que ilumina. Dessas que atraem. A alma com sentido é a chama de uma lareira em um longo dia de inverno.
A ação, quando dotada de sentido exterior, é o ato de contar uma história que não se encerra em si própria. Sempre surpreende e lhe faz subcriador de uma História muito maior. Como é o caso da história da minha caminhada a Santiago de Compostela. Agindo, tentando responder a uma dúvida vocacional, a história não se encerrou na Catedral. E nem se encerrará no seio da minha família, que é um dos resultados do Caminho.
A estrada continua sempre. Para onde? Não sei. Mas continua. Eu só preciso caminhá-la.