O imaginário é a morada da cultura pessoal de um homem. É nele, quase confundido com a memória, que está guardado e unificado o que restou da totalidade de uma experiência pessoal, de uma leitura, do que se viu etc.
Ele, afinal, determina o horizonte de possibilidade das escolhas, inclusive morais. Isto é, ele pode te levar ao céu ou ao inferno. Com importância basilar na formação dessa morada está a leitura. O importante não é ler. O importante é ler livros bons. Uma biblioteca com livros ruins, nesse sentido, é o caminho do inferno.
Jorge Luis Borges, como todos nós sabemos, uma vez escreveu que sempre imaginara o paraíso como um tipo de biblioteca. Veja bem, um TIPO de biblioteca. Além disso, existe um detalhe simbólico para essa frase. Ela é um dos versos do “Poema de los dones”, escrito por Borges em 1955 na ocasião de ter sido nomeado diretor da Biblioteca Nacional da Argentina. E, atenção!, ele já estava cego. Ou seja, para o paraíso como um tipo de biblioteca, existe a cegueira dos livros não lidos. Eu adiciono, os livros ruins.
O importante não é ler. O importante é ler livros bons. Somente aquilo que edifica a morada da cultura pessoal. Aqueles que, por algum motivo, estarão na biblioteca do paraíso.