A ascensão de tiranos


Para Sto. Tomás, uma lei, primariamente, não tem muito a ver com um comando ou uma obrigação, tem a ver com um princípio racional de ordem pelo qual as coisas tendem a cumprir a sua finalidade. Isto é, no coração de uma lei está a causa final. Uma lei, então, é uma espécie de guia para as nossas ações a fim de que elas sejam ordenadas ao bem comum e, ao mesmo tempo, nos fornece uma maneira de julgá-las. Nas palavras de Sto. Tomás, “uma lei é uma ordenação da razão para o bem comum, promulgada pelo chefe da comunidade”.

Além de uma lei, portanto, estar atrelada à racionalidade, a sua finalidade é o bem comum. Mas, afinal, o que é o bem comum? É um bem que, por natureza, é um fim e pode ser compartilhado por todos sem perder nada de sua essência por isso. Por exemplo, a verdade, para um grupo de estudos, ou a justiça, para uma cidade. Diante desse tipo de bem, toda criatura racional se coloca como uma parte. E a ação livre, assim, deve ser ordenada pelo agente em direção a esse bem participado.

Sto. Agostinho, no seu Cidade de Deus, escreve que o bem comum é medido de acordo com os objetos comuns de amor. Ou seja, quanto mais compartilhado o objeto de amor (mais comum ele é), mais amável ele é. Obviamente, Deus, fonte de todo o bem (privado ou comum), é o objeto mais comum a todos e, portanto, o mais amável de todos.

Assim, quanto mais afastada uma sociedade está de Deus, mais distante do bem comum ela está. Em um artigo de Charles de Koninck, On the Primacy of the Common Good, ele escreve que “a negação da noção adequada do bem comum e de sua primazia é uma negação de Deus. Ao negar a universalidade do fim para o qual o homem é ordenado, nega-se a dignidade que o homem recebe desta ordenação”.

Resumindo, a sociedade, ao negar a Deus, nega a dignidade do homem e, assim, está aberta às tiranias. A ausência de Deus é preenchida pela ascensão de tiranos.

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