O estudo e a consolação


Um dos maiores livros da Literatura Ocidental, sem dúvidas, é A Consolação da Filosofia de Boécio, que o escreveu enquanto esteve no cárcere. Já no início da obra, a Filosofia se apresenta diante de Boécio como uma musa que condena as musas da tragédia que o acompanhavam em seus versos.

Depois de uma longa lamentação à musa, condenando a sua condição de preso político, a fortuna e pensando que eram felizes o que o condenaram, pede a cura à Filosofia. Ela, então, o interroga e descobre a causa dos seus males. O esquecimento. Esquecimento das leis que regem o universo, da sua finalidade e da sua ordenação. Ou seja, esquecimento da Realidade.

A consolação que a Filosofia traz a Boécio, perdido em lamentações insensatas por seus infortúnios, é a consolação da verdade. Ela mostra a ele, essencialmente, onde está a felicidade e que a lamentação por infortúnios é insensata. Pois, como é evidente e Boécio bem o sabia, toda coisa individual não pode conter a Felicidade, pois a falta de outro bem, estando em outras coisas, traria a infelicidade. A felicidade é o Supremo Bem do qual todos os outros bens menores participam.

É evidente que a musa da Filosofia pode ser entendida por meio de uma vida de estudos. Aquele que entrega a sua vida à Verdade, lançando-se ao estudo com a própria vida, encontrará a consolação. Nos momentos de cárcere, de infortúnios, de perseguições, de calúnias e todo o tipo de calamidades, a musa, adquirida – e merecida – pela vida entregue à Verdade, há de se apresentar e impedir o esquecimento da Realidade.

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