Desde a Antiguidade, a ciência ocupa um lugar central na vida humana. Nos nossos dias, por exemplo, as ciências empíricas influem consideravelmente na esfera cultural. Ela se tornou autoridade no que diz respeito à argumentação. Nesses tempos pandêmicos, estamos vendo isso acontecer. Não é exagero afirmar que a Ciência influi na cultura, chegando a determinar o modo em que as pessoas pensam e valoram as coisas.
A metodologia utilizada pelas ciências empíricas, abandonando o aspecto qualitativo dos entes naturais, foca no aspecto quantitativo da natureza. Tão grande foi o sucesso obtido por essa abordagem que muitos, hipnotizados, reduziram a realidade a ponto de querer aplicar os métodos científicos a todas as áreas do conhecimento. O qualificativo científico, hoje, sugere algo objetivo, algo verdadeiro. Algo rigorosamente demonstrado e comprovado. Tão enraizado em nosso imaginário está tal pensamento que, sem muita reflexão, chega-se a qualificar como subjetivo tudo aquilo que não é científico.
A importância que a Ciência tem em nossa cultura, infelizmente, não vem acompanhada de uma atividade que explique a sua validade. Novamente, quando algo se diz por científico, significa, no imaginário coletivo, que está devidamente comprovado; que está estabelecido como verdadeiro. No entanto, na Filosofia da Ciência da atualidade admite-se que todo conhecimento científico é provisório. Além disso, não existe um consenso entre os autores modernos sobre o valor das demonstrações científicas.
A vida humana, como um todo, é afetada por juízos sobre o valor do conhecimento científico. O que pensamos sobre a ciência, de fato, está muito relacionado com a nossa imagem do conhecimento humano e, dessa forma, com a nossa idéia da pessoa humana. Isto é, com antropologia. Assim, dada a importância que a ciência tem na atualidade, a reflexão filosófica sobre o conhecimento científico é extremamente necessária e urgente.