Está tudo em Platão!


Eu confesso que, no auge da minha ignorância filosófica e também auge da minha arrogância científica, quando li a célebre frase de Alfred North Whitehead, matemático e filósofo inglês, de que <<Toda a história da filosofia ocidental resume-se a uma série de notas de rodapé à obra de Platão>>, eu não entendi nada. Na altura, os filósofos que me eram caros, todos eles, hoje, considerados donos de filosofias pífias por mim, não tinham nada a ver com Platão. Portanto, Whitehead estava falando bobagens.

A confusão só aumentou quando, depois de convertido, lendo C.S. Lewis, ele confirma a citação de Whitehead. “Está tudo em Platão, tudo em Platão… Caramba! Gostaria de saber o que essas crianças aprendem na escola!” Senti-me impelido a reler Platão. C.S. Lewis estava falando comigo, pois não aprendi nada de Platão na escola. Lendo Platão, a citação de Whitehead começou a fazer mais sentido. As coisas começaram a ficar mais claras. No entanto, a minha saída da caverna para a realidade se deu com Lloyd Gerson e seus livros “Aristotle and Other Platonists” e “From Plato to Platonism”. Gerson sugere que a tradição filosófica do Ocidente está dividida entre o que ele chama de “Ur-Platonists” de um lado e o “Naturalismo filosófico” do outro.

Basicamente, o “Ur-Platonism” pode ser caracterizado como uma conjunção de cinco negações (ou “anti’s”). Anti-materialismo, anti-mecanicismo, anti-nominalismo, anti-relativismo e anti-ceticismo. Agora sim, Whitehead não estava falando bobagens, eu é que estava pensando elas. Percebi claramente que os meus ídolos de outrora eram todos “anti-‘Ur-platonism’” e eu me tornei um ‹‹Ur-platonist›› (de tradição aristotélica-tomista). Hoje, além de entender a citação de Whitehead, eu repito com C.S. Lewis: “Está tudo em Platão, tudo em Platão!”

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